PERFECCIONISMO — O MAL OU MECANISMOS  DE MUITOS
*Psicóloga Marlene Monteiro*
A busca da Perfeição é, talvez, a
tendência mais forte de todo ser humano. É o desejo de todos de religar-se a
algo fascinante e irresistivelmente sedutor. A esse algo a maioria das pessoas
chama de Deus.
É possível que dessa tendência
natural venha o fato de que os desavisados veem o perfeccionismo como uma
virtude, uma qualidade. Triste engano! Na realidade, ele é um defeito a ser
evitado. Pode-se afirmar, sem sombra de dúvida, que é a primeira das imperfeições!
O perfeccionista traz na mente a
representação de que as suas obras têm que ser isentas de erro. Ora, para que
uma obra seja perfeita, é indispensável que seu autor também o seja. Daí, a
conclusão é lógica: como ninguém consegue evitar falhas, pequeninas que sejam,
a obra perfeita não existe! Diante dessa constatação, muitas vezes
inconsciente, o perfeccionista vai adiando suas realizações por não querer
ações incompletas. Entretanto, tem-se que entender esta verdade indiscutível:
por estarmos em estado de constante movimento, em evolução, nunca se poderá
dizer de nós que somos seres completos, acabados.
A protelação de suas atitudes,
principalmente no âmbito empresarial ou familiar, isto é, no grupo, prejudica
não apenas ao próprio indivíduo, mas também à equipe. O eu crítico do
perfeccionista, muito bem elaborado internamente, exige perfeição de si e dos
outros. Com o mesmo apetite que ele se critica, censura também aos demais. Com
isso acaba por gerar situações que atrapalham a todo o conjunto.
Nas entrevistas de emprego, é
comum que o entrevistador pergunte se o entrevistado é perfeccionista, e este
geralmente responde orgulhoso que sim, com toda a certeza! Tal resposta quase
sempre determina a exclusão do candidato, porque nenhum empreendedor experiente
deseja que sua organização fique emperrada pela ação de um único elemento. 
Ao contrário, quem não tem esse
perfil, ao ser inquirido responderá: “Não, não sou. Mas sinto-me pronto para
executar as tarefas de que for incumbido.” Este, sim, é portador de um perfil
mais habilitado, mais capacitado para participar de um conjunto em que deve
somar, pois mostra estar pronto para experienciar, convicto de que toda
realização humana deve passar necessariamente por aperfeiçoamentos.
Na realidade, os perfeccionistas
buscam proteger-se da rejeição. Quem rejeitaria o que não possui defeitos?...
Infelizmente para eles, o efeito é contrário. Ao rejeitarem a obra, acabam por
rejeitar a equipe que a realiza junto consigo mesmo! Curiosamente, esse tipo de
indivíduo é crítico feroz, mas não consegue receber e processar internamente as
críticas que lhe são dirigidas.  Mesmo
que visivelmente construtivas, elas o fazem sofrer muito!
As causas desse comportamento com
frequência localizam-se na educação recebida. A maneira pela qual apontamos os
erros de nossos filhos pode ser mal interpretada por eles e, portanto, mal
gravada nos arquivos do Inconsciente. Os pais têm que buscar uma educação
adequada à idade cronológica e psicológica dos filhos. Ir até a criança e conduzi-la,
com um caminhar proporcional à sua capacidade de articular os passos.
 Por esse método natural, o educando vivenciará
e provavelmente irá saborear o aprendizado. É assim que mais tarde ele não
exigirá, nem de si nem dos que o cercam, a tarefa inglória e impossível de tudo
fazer de maneira perfeita. 
Dentro desse contexto é que se
vai estabelecer a segurança e a autoconfiança indispensáveis a uma vida de
mudanças permanentes, sujeita a acidentes e falhas, uma vida que não será
jamais irretocável, mas que tenderá sempre mais e mais para o verdadeiro
caminho em que a humanidade vem se mantendo à custa dos próprios tropeços: a
rota da Perfeição! 
*Marlene Monteiro é Psicóloga,
Psicoterapeuta, Trainer e Master em
 PNL, (com mais de 20 anos de experiência em
Psicoterapia e cursos ligados a essa área).
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