domingo, 28 de junho de 2015

Perfeccionismos - O mal ou mecanismos de proteção de muitos

PERFECCIONISMO — O MAL OU MECANISMOS  DE MUITOS
*Psicóloga Marlene Monteiro*

A busca da Perfeição é, talvez, a tendência mais forte de todo ser humano. É o desejo de todos de religar-se a algo fascinante e irresistivelmente sedutor. A esse algo a maioria das pessoas chama de Deus.
É possível que dessa tendência natural venha o fato de que os desavisados veem o perfeccionismo como uma virtude, uma qualidade. Triste engano! Na realidade, ele é um defeito a ser evitado. Pode-se afirmar, sem sombra de dúvida, que é a primeira das imperfeições!
O perfeccionista traz na mente a representação de que as suas obras têm que ser isentas de erro. Ora, para que uma obra seja perfeita, é indispensável que seu autor também o seja. Daí, a conclusão é lógica: como ninguém consegue evitar falhas, pequeninas que sejam, a obra perfeita não existe! Diante dessa constatação, muitas vezes inconsciente, o perfeccionista vai adiando suas realizações por não querer ações incompletas. Entretanto, tem-se que entender esta verdade indiscutível: por estarmos em estado de constante movimento, em evolução, nunca se poderá dizer de nós que somos seres completos, acabados.
A protelação de suas atitudes, principalmente no âmbito empresarial ou familiar, isto é, no grupo, prejudica não apenas ao próprio indivíduo, mas também à equipe. O eu crítico do perfeccionista, muito bem elaborado internamente, exige perfeição de si e dos outros. Com o mesmo apetite que ele se critica, censura também aos demais. Com isso acaba por gerar situações que atrapalham a todo o conjunto.
Nas entrevistas de emprego, é comum que o entrevistador pergunte se o entrevistado é perfeccionista, e este geralmente responde orgulhoso que sim, com toda a certeza! Tal resposta quase sempre determina a exclusão do candidato, porque nenhum empreendedor experiente deseja que sua organização fique emperrada pela ação de um único elemento.
Ao contrário, quem não tem esse perfil, ao ser inquirido responderá: “Não, não sou. Mas sinto-me pronto para executar as tarefas de que for incumbido.” Este, sim, é portador de um perfil mais habilitado, mais capacitado para participar de um conjunto em que deve somar, pois mostra estar pronto para experienciar, convicto de que toda realização humana deve passar necessariamente por aperfeiçoamentos.
Na realidade, os perfeccionistas buscam proteger-se da rejeição. Quem rejeitaria o que não possui defeitos?... Infelizmente para eles, o efeito é contrário. Ao rejeitarem a obra, acabam por rejeitar a equipe que a realiza junto consigo mesmo! Curiosamente, esse tipo de indivíduo é crítico feroz, mas não consegue receber e processar internamente as críticas que lhe são dirigidas.  Mesmo que visivelmente construtivas, elas o fazem sofrer muito!
As causas desse comportamento com frequência localizam-se na educação recebida. A maneira pela qual apontamos os erros de nossos filhos pode ser mal interpretada por eles e, portanto, mal gravada nos arquivos do Inconsciente. Os pais têm que buscar uma educação adequada à idade cronológica e psicológica dos filhos. Ir até a criança e conduzi-la, com um caminhar proporcional à sua capacidade de articular os passos.
 Por esse método natural, o educando vivenciará e provavelmente irá saborear o aprendizado. É assim que mais tarde ele não exigirá, nem de si nem dos que o cercam, a tarefa inglória e impossível de tudo fazer de maneira perfeita.
Dentro desse contexto é que se vai estabelecer a segurança e a autoconfiança indispensáveis a uma vida de mudanças permanentes, sujeita a acidentes e falhas, uma vida que não será jamais irretocável, mas que tenderá sempre mais e mais para o verdadeiro caminho em que a humanidade vem se mantendo à custa dos próprios tropeços: a rota da Perfeição!
*Marlene Monteiro é Psicóloga, Psicoterapeuta, Trainer e Master em
 PNL, (com mais de 20 anos de experiência em Psicoterapia e cursos ligados a essa área).



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